Quantas vezes você andou pela rua e se viu pensando ao ver
uma mãe passar com seu filho “Essa criança está sem touca nessa ventania?”, “Ele
não devia estar com uma roupa tão pelada nesse frio...”, “Nossa, ele não tem
nem um ano e já bebe refrigerante!”, “Gente o bebê não fez nem um mês e olha
como ela segura ele, coitadinho...” “Ah se fosse meu filho...”, “Ah se fosse
comigo...”, “Ela o deixa chupar muita bala, vai fazer mal para o estomago e
ainda ficar cheio de cáries!”? Como esses existem milhares de outros pensamentos que
muitas vezes, mesmo sem nossa autorização se fazem presente ao vermos uma mãe e filho,
claro que vemos coisas positivas também, mas parece que estamos sempre
procurando algo para apontar e julgar.
É muito fácil educar o filho dos outros, é muito fácil achar
que faria diferente em determinadas situações, é muito fácil achar que estar no
lugar do outro seria fácil, mas não é.
Quantas vezes você saiu de casa e na correria do bebê
chorando, cachorro latindo, marido gritando para você se apressar você
esqueceu, assim completamente sem querer a touca do Fulaninho encima da mesa?
Quantas vezes saiu de casa achando que aquele solzão ia durar todo o dia e de
repente veio uma ventania, o tempo fechou e você estava correndo para casa para
agasalhar seu bebê? Quantas vezes você observou em silêncio seu filho beber
refrigerante antes do tempo porque estava com medo de ele aguar, porque
infelizmente você aprendeu tarde demais que ingerir tanto açúcar antes dos dois
anos pode sim prejudicar a formação de bons hábitos alimentares ou porque você
não sabia disso até agora? O bebê não é de porcelana mãe, e no hospital os médicos
e enfermeiras o seguram de forma quase assustadora e nem por isso eles quebram,
ter cuidado é importante SIM, mas não julgar também faz parte. Ah se fosse seu
filho... Você faria diferente, não é? Você evitaria com o poder da sua mente
que ele se jogasse no chão, tivesse uma crise por causa de um brinquedo que não
cabe no seu orçamento e conseguiria mantê-lo sentado a uma mesa de festa
infantil enquanto todas as crianças correm em volta e pulam no pula-pula. Ah se
fosse contigo... Você faria tudo diferente! Tenho certeza que faria. Sério, não
estou duvidando. Talvez fosse você dando uma bala atrás da outra para mantê-lo
quietinho, não é? Depois basta escovar os dentes e deixa-lo um mês sem guloseimas
e vai ficar tudo bem!
Mães julgam demais! A sociedade pede filhos perfeitos, mas
se esquecem que crianças não são robôs, nem vêm pré-programados a fazer tudo o
que lhe é dito, pelo contrário, questionar, se arriscar e dizer “não” faz parte
do seu processo de amadurecimento. Faz com que eles conheçam seus próprios limites,
faz com que entendam um pouco mais se si mesmos.
Impor limites com amor é fundamental, apesar de muitas vezes
não ser fácil. E quando a sua paciência parece ter chegado ao fim, quando você
se questiona da sua capacidade de educar e de ser uma boa mãe é justamente
quando você esta indo pelo caminho certo, porque ser uma boa mãe não é saber
todas as respostas. É ter dúvidas e medos e tentar melhorar todos os dias
porque é pela pessoa que mais vale a pena no mundo.
Antes de o meu filho nascer eu tinha uma ideia pré-concebida
que eu seria uma mãe a parte, um número fora das estáticas, a mãe paciência e
ainda assim aquela que saberia impor limites para ele crescer sendo a criança
que não vai abrir a geladeira da casa dos outros, não vai tomar o brinquedo do
amigo, não vai morder, não vai bater, não vai fazer birra, não vai gritar... Ufa!
Resumindo eu pensava que seria mãe de um boneco sem vontade própria. Eu errei e
errei feio. Quem conhece meu filho sabe que ele é a criança com a personalidade
mais forte, do tipo que quando quer algo ele fica brabo MESMO, ele é totalmente
eu e o pai dele. Ele corre, não para por um segundo, é ligado no 220, tem horas
que não empresta nem barganhando seus brinquedos, é arteiro, horas tímidos e
horas totalmente dado. Murilo é tudo o que eu disse que não suportaria em uma
criança, ele é isso e sei que será mais, eu pago a língua e morro de amor. Eu
me questiono, brigo com ele, comigo mesma, me descabelo, rebolo e leio, leio e
leio tentando melhorar, tentando entender o que posso fazer para ser uma mãe
melhor para ele, onde posso ceder e onde tenho que apertar. Eu vejo muitos
olhares de julgamento, vejo aqueles olhares de ‘ainda vai ser com você”, “
espera só quando a fase do seu chegar pra você ver...’, mas minha prima me
disse algo muito importante e que tento lembrar sempre. Não devo me preocupar
com o que os outros pensam do meu filho. O filho é meu, os erros e acertos são
nossos e mesmo que eu erre muitas vezes e ele saia da linha também, eu sou mãe
de primeira viagem, ele é filho de primeira viagem, estamos nessa juntos,
crescer e encontrar nosso caminho é algo que interessa só a nós dois. Da mesma
forma isso serve para você mamãe. Então quando você encontrar uma mãe que
pareça meio perdida, ao invés de julgar pergunte se ela precisa de ajuda, olhe
com amor e recorde os seus próprios medos e inseguranças, se nós mães formarmos
uma rede de apoio ao invés de uma bancada de jures a vida de nós mesmas será
facilitada. Sejamos solidarias umas com as outras, as vezes não vai ser fácil,
outras pode parecer intromissão nossa, mas vai haver AQUELA mãe que terá o seu
gesto guardado para sempre em seu coração de um momento que poderia ter sido um
desastre, mas que acabou ficando tudo bem porque você estava lá. Um “é apenas
uma fase, vai passar logo” ou uma fralda limpa dada no momento que a outra mãe
se viu em meio a literalmente uma cagada pode fazer a diferença no seu e no dia
dela.
Pensem nisso e sigam sem julgar, na medida do possível, porque
amor e experiência de mãe é algo que deve ser dividido, compartilhado e
divulgado. Já temos muita gente para julgar, então faça parte do outro grupo e
sejamos cada dia mais felizes na melhor profissão que existe, a de ser mãe!
Por Bianca Martins